sábado, 20 de julho de 2013

                                      Gente! Que bagunça! voces sabiam disso?

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe3007200002.htm

Para a indústria farmacêutica, que investe bilhões de dólares em pesquisas, patentes de remédios são tão importantes quanto descobertas científicas

Princípios lucrativos
Sheryl Gay Stolberg e Jeff Gerth
do "The New York Times"

A indústria farmacêutica é arriscada, mas lucrativa. Descobertas científicas viram remédios que salvam vidas e geram milhões de dólares. O processo, porém, consome tempo -de 12 a 15 anos- e dinheiro.
As companhias gastam mais de US$ 20 bilhões (R$ 36 bilhões) por ano pesquisando novas drogas. Calcula-se em mais de US$ 500 milhões (R$ 900 milhões) o custo para desenvolver um remédio.
O custo real -laboratórios, matéria-prima, salários de pesquisadores, testes clínicos- corresponde a uma pequena parte disso. O resto é fundo perdido: tempo e dinheiro gastos em pesquisas que acabam não dando em nada.
De 10.000 remédios potenciais, 250 chegam a testes com animais. Desses, cinco serão testados em humanos.
Na primeira fase dos testes com humanos, o remédio é dado a voluntários saudáveis para testar a segurança e definir a dose adequada. A segunda fase usa portadores do mal que o remédio deve tratar para verificar eficácia e efeitos colaterais. Na terceira fase, milhares de pacientes podem ser testados, permitindo a avaliação da droga em uma população heterogênea por um período longo. Essa fase pode custar de US$ 10 mil a US$ 20 mil por paciente (de R$ 18 mil a R$ 36 mil).
Para recuperar o investimento, as empresas exploram ao máximo a validade de suas patentes -que, nos EUA, é de 20 anos a partir do registro do pedido.
Por exemplo, o tempo de aprovação de drogas pela FDA (agência que regula remédios nos EUA), que chegava a 30 meses, comia um pedaço da vida das patentes. Em 92, o Congresso aprovou lei permitindo o financiamento privado do processo. Entre 92 e 97, a indústria farmacêutica deu à agência US$ 327 milhões para contratar 600 especialistas. A média do tempo de aprovação baixou para 12 meses.
Nem sempre as patentes tiveram tanta importância. Explicando a ausência de patente da vacina que inventou contra a poliomielite, Jonas Salk respondeu: "Alguém pode patentear o Sol?". O inventor da estreptomicina -uma das mais importantes descobertas na área de antibióticos, nos anos 40-, Selman Waksman, patenteou a droga, mas abriu mão dos direitos. Muitas empresas puderam vendê-la, com preços e lucros baixos.
Hoje, muitas empresas obtêm o grosso de sua receita da venda de um punhado de remédios bem-sucedidos. Os fabricantes dizem precisar de patentes mais longas para que o investimento gere lucro. Especialistas, porém, dizem que a expiração -e não a extensão- das patentes estimula a inovação. A indústria Eli Lilly, por exemplo, está pesquisando novos antidepressivos, motivada pelo fim iminente da patente do Prozac.
Nos próximos cinco anos, devem acabar as patentes de alguns dos remédios mais lucrativos da história, como o Claritin (para alergia) e o Zocor (para colesterol alto). Sem patentes, o mercado se abre para os genéricos -remédios com a mesma eficácia dos originais, de outras marcas, em geral mais baratos.
Os genéricos podem corroer o mercado de uma droga de marca em meses. Algumas empresas, para se defender, conseguem dificultar sua venda ou distribuição, pressionando legisladores.
Em 84, o Congresso dos EUA aprovou uma lei facilitando a competição dos genéricos. Até então, menos de 20% das receitas médicas prescreviam drogas genéricas. Em 96, os genéricos dominavam 46% do mercado. Isso teria representado uma economia de US$ 8 bilhões a US$ 10 bilhões por ano para os consumidores. Mas, pelo fato de seu custo ser menor, os genéricos correspondem a uma pequena fração das vendas totais da indústria.
Os fabricantes dizem que o preço dos remédios é ditado pelo alto custo da pesquisa. Mas os principais fabricantes gastaram, em 98, três vezes mais em marketing e despesas gerais e administrativas (em porcentagem sobre as vendas) do que em pesquisa e desenvolvimento. A decisão de preços é livre nos EUA, um dos únicos países desenvolvidos a não controlar os preços de remédios.
Paradoxalmente, a competição com os genéricos geralmente resulta em preços mais altos para o remédio original, já que as companhias querem extrair o máximo de um mercado em contração.
Mais de três quartos dos norte-americanos com menos de 65 anos têm seguros de saúde que cobrem remédios. As companhias de seguros, em geral, negociam descontos, cujo valor é mantido em segredo. Com os idosos (13% da população), responsáveis por aproximadamente um terço de todas as despesas com remédios, é diferente. Um terço deles não tem plano de saúde, pagando pelas drogas do próprio bolso -e pagando caro.

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